Michel
raios partam a memória!
pois é, creio nisso e sei que disse
mas voltou o sol a esta história
e eu esqueci o creme, que chatice!
raios partam a memória!
pois é, creio nisso e sei que disse
raiz exposta
ruga assumida
que mais resposta
esperas da vida?
não há consenso
é controverso
manda o bom senso
escrever em verso?
tens o silêncio
na tua mão
e eu tenho flores
no meu colchão.
o que tu és
o que tu eras
tanto me faz
não sei de esperas.
já fui passado?
quem sabe sim...
hoje sou gente:
vivo de mim.
já tive amores
que o tempo traz
tenho hoje flores
tenho hoje paz.
I
saboreio o teu sal
e ao olhar para o alto
és tu já albatroz a mergulhar
II
ruído de asas fortes
as tuas mãos de areia
arranham o meu dorso
garras e bicos
a batalha do amor
já transformada em voo
IV
e o deus que nos criou
viu que era bom sorriu
e descansou.
raios partam a memória!
não, não é paranóia. é isto mesmo:
querer recomeçar sem história.
o passado que se lixe!
que se lixe o futuro!
que tenho eu com isso?
nasci para ser livre e hei-de ser, agora.
tudo o que disser é só de hoje em diante
válido.
o ontem quem não estava não viu.
quem estava guarde a mágoa.
sou como um rio: não sei a minha água.